Qual o papel da iluminação residencial? – por Mariana Novaes
Tempo de leitura Postado em 18 de fevereiro de 2022Atualizado em 18 de janeiro de 2023
O conceito de lar pode ser entendido como uma relação emocional e significativa entre os moradores e a sua morada. É o espaço escolhido para conexão e desenvolvimento de uma relação de pertencimento. Pode ser visto como refúgio, onde se busca inspiração e descanso do que se vive fora dele, possuindo ressonância psicológica e significado social.
A iluminação residencial, em conjunto com a arquitetura e o design de interiores, imprime caráter e significado ao lugar, revelando a identidade dos seus moradores: valores, culturas, preferências, hábitos, memórias, estilo de vida. Pra te ajudar a otimizar a iluminação do seu lar é que separamos a dica a seguir. Confira!
Por que a iluminação residencial é importante?
Assim como nas demais disciplinas, o projeto de iluminação residencial deve atender o que faz sentido dentro das perspectivas de quem reside naquele espaço: conforto visual, economia de energia, facilidades tecnológicas (como o uso da automação), atmosfera, estímulo aos sentidos, informação, segurança, idade, facilidade de manutenção, valorização da arquitetura, de objetos com significado sentimental, entre outros aspectos.
A iluminação artificial é importante porque exerce o papel de completar ou até mesmo compensar a falta de luz natural em alguns espaços durante o dia e proporcionar a extensão da vida familiar durante a noite. A experiência do espaço é criada através da interação entre luz e materiais: identifica-se contrastes, formas, cores, superfícies, texturas, entendendo escalas e limites.
Janela em Millesgården, Estocolmo, Suécia – foto tirada por Mariana Novaes
Como escolho a iluminação de cada espaço?
Diferentes cenários favorecem e flexibilizam os espaços para as atividades que nele acontecem: a visita de amigos e familiares, a leitura de um livro, a prática de um hobby, um momento de conversa e compartilhamento entre a família, entre outras. Para cada atividade e espaço, demandas visuais devem ser atendidas e alguns recursos podem ser empregados, separadamente ou em conjunto:
Iluminação ambiente ou geral – direta e indireta, através de soluções no forro, paredes ou piso;
Iluminação de destaque – em planos verticais (paredes) e horizontais (mesas e bancadas), áreas (hall, escadas) ou objetos específicos (obras de arte);
Iluminação de balizamento – para orientação noturna, por exemplo.
As diferentes características das fontes de luz e das luminárias devem ser levadas em consideração para a solução dos ambientes, tais como:
Tipo de lâmpada (led, fluorescente, halógena, incandescente – as últimas duas em desuso por serem menos econômicas energeticamente e por possuírem menor tempo de vida útil. Já existem soluções de qualidade em led, apesar do custo ainda elevado);
Índice de reprodução de cores (quanto maior, mais fielmente reproduzem cores – considerar IRC>80/90);
Aparência de cor da luz (ou temperatura de cor), variando entre o branco quente (entre 2700K e 3000K para quartos, salas de estar e jantar, áreas de lazer) e neutro (4000K em cozinhas, áreas de serviços);
Sistema óptico e o tipo de distribuição de luz que proporcionam (difusa, pontual, oval, linear, assimétrica, simétrica).
Benefícios da Automoção
A automação pensada em conjunto com as soluções de iluminação residencial podem proporcionar benefícios para os moradores, como maior conforto visual – ao permitir, com praticidade, a dimerização das soluções e a redução ou aumento de níveis de iluminância nos espaços em horários diferentes –, a composição de diferentes cenários para o mesmo espaço, que passa atender demandas de diferentes atividades, assim como o prolongamento da vida útil de alguns equipamentos e economia de energia.
Sweeney Chapel – @ebachta via Flickr
Como favoreço a iluminação natural da minha casa?
A iluminação residencial natural muitas vezes não pode ser modificada em função da vizinhança e da orientação solar do apartamento escolhido, assim como pelas regras de conservação do edifício e do condomínio. Neste caso, é possível fazer uma análise da distribuição de luz incidente nos diferentes cômodos – observando o comportamento da luz nas diferentes estações, assim como do momento de entrada de luz solar direta ou apenas luz refletida.
Avalia-se, por exemplo, a necessidade de escolha de cores mais claras para maior reflexão da luz incidente ou de uso de cortinas para filtragem ou maior difusão da luz, a fim de garantir o conforto visual a quem estiver dentro dos espaços. A entrada direta de raios de luz pode ser até mesmo aproveitada para a exploração de efeitos de reflexão, sombra, destaque ou transformação de cores.
De toda forma, o mais importante papel da iluminação residencial é permitir ao morador ser quem ele é, proporcionando liberdade, conforto e segurança.
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Mariana Novaes, sócia-diretora do estúdio de iluminação Atiaîa Lighting Design, é arquiteta, urbanista e architectural lighting designer MSc. Entusiasta de vivências espaciais, busca dar voz à luz e ao lighting design(er) no desenvolvimento do seu trabalho, apresentando a importância da sua interdisciplinaridade na sociedade e no mundo. É colunista do portal de conteúdo do Guaja.cc e colaboradora da Editora Lumière, na Revista L+D e no LEDforum. É membro profissional e diretora de relações sociais da Associação Brasileira de Arquitetos de Iluminação (AsBAI).